sábado, 7 de agosto de 2010

Como um Anjo

Novas e maduras
Altas e baixas
Largas e estreitas
Louras e morenas
Encaracolado e estendido
Olhos grandes e pequenos
Expressivas e indeléveis
Proporcionadas e marcantes
Peitos lisos e salientes
Saias e calça
Rabo proeminente e raso
Pernas delgadas e grossas
direitas e inclinadas
enfim...
mil mares de chamas
infernais
dos quais hoje fujo,
observando apenas
como um Anjo.
E não sei por quanto tempo.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Delírio C

Numa fase de delírio em que dizia saber o que pensavas disse decerto mais do que devia e o desejo que por vezes sinto por ti. Mas isso nada é perante a confiança que penso termos um no outro. Assim, é mais, transcendemos algo. Noutra vida talvez nos juntemos de corpo e alma e o que sei do meu renascer possa igualar o que sabes renascida. Porque sinto que já nascemos antes muitas vezes e a tua alma conectada à minha.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Soltar a Criança


Disseram para deixar
Sair a criança em mim
Mas tanto tempo fechada
Que agora enfim
A pouco e pouco
Se desacobarda
E vence a timidez
São tantas as paixões
E iguais pesadelos
Que só aos bochechos
Pouco conexas por vezes
Saltam as palavras
Atravessadas.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Ode Ligeira ao Mar

Ando há dias
a pensar
nas mulheres
de olhos azuis
que conheci
neles procuro o mar
que me acolhe
e acalma.
Era muito bem capaz
de entregar a minha alma
ao azul de uns olhos
doces
e ficar nessa praia,
a descansar,
até que o sol fugisse
no horizonte.

domingo, 30 de maio de 2010

Ontem...

Ontem estavas próxima
caminhando devagar.
São engraçadas as tua mãos
quando repousam na cintura fina
desafiadores os teus cabelos
e perigoso o teu olhar.
Hoje desejei contigo
momentos cósmicos.

Nunca te direi E.



Nunca te direi
que há muito te observo
e vejo o tempo
passar no teu rosto
à medida que a vida
de ti escorre.
Conheço o recorte
do teu corpo
e sinto-o em olhares
rápidos e fugazes
momentos que nunca
farão parte desta vida.
Saboreio pois a ideia
do teu sabor
nos meus lábios
em sonhos ébrios.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Se...

Se não fosse
um poeta moribundo
contruia de palavras
uma estátua
daqui de baixo
ao topo do mundo,
palavras doces e sérias
que me levassem da mágoa
o sal do mar
em que por vezes
me afundo.
Depois, mas só depois
talvez fosse capaz
de pousar em teus seios
meus olhos cansados
e cantar o teu corpo
num dedilhar lento
de fado alegre e vadio,
com tua alma preenchendo
o meu vazio.